Luanda - Mais uma vez, o
Executivo pede dinheiro, com uma explicação menos convincente na forma de
gastar. Muitos indicadores sinalizam as mesmas medidas dos últimos 21 anos, sem
produzir as soluções necessárias. O ditado popular ensina que só não erra quem
não trabalha. Porém, o que mais inquieta é constatar que infelizmente o
Executivo parece errar mais por teimosia e arrogância, do que por trabalhar.
O OGE24 apregoa na fundamentação,
o equilíbrio orçamental apenas na óptica financeira da despesa ser igual a
receita. É preciso que o equilíbrio orçamental seja também analisado na óptica
económica – da receita justificar-se pela qualidade da despesa, capaz de
comprar a prosperidade dos cidadãos e na perspectiva política, de produzir o
conhecimento, a liberdade e a dignidade dos cidadãos.
O OGE24 oculta as receitas
estimadas com base no diferencial do Preço do Barril do Petróleo e nem explica
como seriam aplicadas.
Srs Ministros!
1. Já não é do elevado serviço da
dívida 58% da despesa, que o país quer e precisa ouvir, nem da sua sustentabilidade.
O país precisa debater 1 dos problemas reais que o OGE esconde dos angolanos.
Esta divida é pública, ou é de particulares imposta ao Estado?
A respeito, desafiamos o
GPU-MPLA, a assumirmos enquanto Deputados da Nação, o compromisso de Estado,
para que se efective finalmente, o nosso pedido de auditoria à divida publica e
seja revista a lei do OGE no sentido de limitar os excessos do Titular do Poder
Executivo, em contrair dívidas, usar os ajustes directos e o dinheiro do
diferencial do Preço do Barril de Petróleo, sem o controlo da Assembleia.
2. O executivo vangloria-se com o
peso de 20,1% (Kz 4,9 biliões) do sector social, mas esconde inverdades e
injustiças orçamentais. A exemplo, é possível notar que o Gabinete da VPR,
receberá só em despesas correntes, 56% do total previsto para 25 das 35
instituições públicas do ensino superior do país. A Clinica Multiperfil
receberá 16% do total da verba em bens e serviços, prevista para 24 hospitais
de referência no país.
3.2 Sobre o combate à pobreza o
executivo mantem a bandeira do Kwenda e da REA:
a) O Kwenda nasceu corrupto
politicamente. O seu valor/família tão irrisório, dificilmente fortalecerá o
rendimento destas. Enquanto for instrumento de compra do voto gerido com pendor
partidário, sem fiscalização nem controlo eficazes, com o dinheiro a circular
em malas e de mão em mão, maior parte deste continuará a ser desviado. Assim, é
fácil concluir que as famílias continuarão na pobreza, na indigência e na
mendicidade.
b) O Executivo criou a REA e
atribuiu o monopólio a Carrinhos. Esta, no fim empobreceu ainda mais a
agricultura familiar, ao impor preços abaixo do custo de produção. Hoje como
solução do fracasso, o executivo reassume esse papel.
Lembro v.excias, que em 21 anos,
o Executivo fê-lo e pretende emitir mais garantias pública, capitalizar
Instituições Financeiras, tudo em nome do apoio a produção interna, a oferta de
produtos da sexta básica e para a diversificação da economia. O facto é que a
produção não aumenta, a economia contínua dependente do petróleo. Os bancos
perdem o rasto de devedores de milhares de milhões de USD, só não perdem o
rasto do pacato professor, enfermeiro ou pensionista, militar, policia, etc, á
quem só foi aceite emprestar uns míseros 10.mil usd para a compra de um RAV4 de
ocasião. Muito extranho.
Povo Angolano!
Com os exemplos acima, resta-nos
propor ao executivo que o OGE24 tenha entre as suas prioridades:
1º. Fortalecer o papel
fiscalizador da Assembleia Nacional e prudencial do tribunal de Contas sobre a
gestão do OGE.
2º. Aperfeiçoar a lei do BNA para
impedir que o sistema financeiro continue sendo a avenida e o investimento
público o veículo do saque do dinheiro do povo, para privados seleccionados.
3º. O Executivo deve definir
metas de crescimento das localidades, assumir os custos de melhoria da rede
logística, recorrendo a fontes mais baratas de produção célere de energia;
4º. Remanejar as verbas
supérfluas e de fim duvidoso a exemplo do Programa de Modernização da
Administração Pública que faz morada em todos os ministérios nos últimos 15
anos e que no OGE24, só em 16 ministérios acumula mais de 121 mil milhões de
kuanzas.
5º. Usar estes recursos, para
financiar:
a) a melhoria das vias
secundárias e terciárias privilegiando o recurso à terraplanagem, pelo menos em
parte significativa das áreas de alto potencial produtivo;
b) o surgimento e capacitação do
empresariado nacional dedicado localmente ao apoio técnico à Agropecuária, com
enfase para a mecanização da produção familiar;
c) o surgimento, crescimento e
modernização do mercado rural, baseado numa rede comercial robusta, dedicada a
compra e venda a partir dos locais de produção, alimentar a rede grossista e trazer
a maioria dos agentes económicos para o circuito formal da economia;
7º institucionalizar as
autarquias, para que estas se dediquem à implementação de medidas locais de
controlo e fiscalização, mais eficazes no desenvolvimento do comércio local e
rural.
Deste modo, aumenta a
criatividade e a iniciativa privada, motiva as empresas e famílias à produzir
mais. No curto e médios prazos, a maioria das famílias hoje afectadas pela
pobreza estrema, se libertará. A economia se diversificará, e crescerá de forma
sustentável.
Temos fé que só assim, Voltará o
povo angolano e a sua terra a sorrir naquele dia.
Luanda, 14 de Novembro de 2023.
Faustino Morais Manuel Mumbika
“Deputado”