BNA eleva taxas de juro para conter trajectória da inflação

 


Luanda  - O Banco Nacional de Angola (BNA) elevou, ontem, a Taxa Básica de Juro de 17 para 18 por cento, assim como as taxas das facilidades permanentes de cedência e absorção de liquidez de 17,5 e 13,5 para 18,5 e 17,5 por cento, respectivamente.

A decisão foi anunciada, ontem, em Luanda, pelo governador do BNA, Manuel Dias, no fim da reunião bimensal do Comité de Politica Monetária (CPM), na qual também foi eliminada a taxa de custodia sobre o excesso de reservas livres das instituições financeiras bancárias depositadas no banco central.

Manuel Dias declarou que a decisão de aumentar as taxas de juros justifica-se pela trajectória crescente da inflação e da perspectiva desse indicador vir a comprometer o objectivo de uma taxa de inflação de um digito a médio prazo.

O governador citou dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) a apontarem para uma conjuntura internacional marcada pela desaceleração, este ano, facto que obriga os principais bancos centrais a permanecerem cautelosos quanto à reversão da sua postura restritiva na condução da politica monetária.

Nos mercados das matérias-primas, os preços médios de petróleo reduziram devido a factores ligados ao aumento da oferta, em particular o aumento das exportações russas, assim como a expectativa de uma menor procura em resultado da manutenção de politicas monetárias restritivas pelos bancos centrais e incertezas em torno da economia russa.

A nível nacional, segundo as estatísticas de preços divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística, a inflação mensal em Outubro fixou-se em 2,15 por cento, explicada, maioritariamente, pela contribuição da classe de Alimentação e Bebidas não Alcoólicas, cuja contribuição foi de (1,42 pontos percentuais).

As maiores variações de preços foram verificadas nas classes de Saúde 2,66 por cento, Transporte 2,54 por cento, Alimentação e Bebidas não alcoólicas 2,42 por cento, Vestuário e Calçado 2,31 por cento. Em termos homólogos a taxa de inflação situou-se em 16,58 por cento.

No domínio monetário, a Base Monetária em moeda nacional, variável operacional da politica monetária, registou uma expansão de 2,29 por cento em Outubro, com as variações acumulada e homologa a situaram-se em 16,96 e 22,52 por cento respectivamente.

A expansão acumulada da base monetária foi impulsionada, fundamentalmente, pelo efeito expansionista da Execução Fiscal.

Por seu turno, o agregado monetário M2 em moeda nacional, variável intermédia da politica monetária, registou uma expansão de 1,14 por cento em Outubro, elevando a expansão acumulada para 20,64 por cento e a homologa para 22,07 por cento.

O stock de crédito à economia, em moeda nacional, registou uma expansão de 1,43 por cento no mês de Outubro, tendo atingido 4,33 biliões de kwanzas. Em termos acumulados, a expansão foi de 15,21 por cento e de 2,28 por cento comparativamente ao período homologo.

Na mesma senda, o crédito ao sector privado apresentou, em Outubro, um aumento de 0,65 por cento, tendo atingido um crescimento acumulado de 25,40 por cento e de 20,50 por cento em termos homólogos.

Receitas de exportação

No sector externo, o saldo superavitário da conta de bens fixou-se em 16,8 mil milhões de dólares nos 10 primeiros meses de 2023, contra 29,16 mil milhões de dólares, registados em igual período do ano anterior, correspondendo a uma redução de 42,27 por cento (12,33 mil milhões de dólares), reflexo da redução das receitas de exportação em 32,12 por cento (13,92 mil milhões de dólares).

Como consequência, a oferta de divisas no mercado cambial situou-se em 8,43 mil milhões de dólares, uma redução de 28,7 por cento comparativamente ao montante transaccionado do mesmo período do ano passado.

No final do mês de Outubro o stock das Reservas Internacionais fixou-se em 14,24 mil milhões de dólares, o que corresponde a um grau de cobertura de 7,58 meses de importação de bens e serviços.

O CPM concluiu que a trajectória da inflação recomenda a manutenção do sentido restritivo da politica monetária, com vista ao seu alinhamento com objectivo de médio prazo, situação que continuará a ser monitorada pelo BNA e que poderá levar a tomada de medidas adicionais, caso se afigure o necessário. JA

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