Os motoristas dos táxis
personalizados YANGO, HEETCH, UGO e T'LEVA querem a uniformização dos preços da
corrida do táxi, para breve, por considerarem baixos os que são praticados.
Exigem ainda que as empresas proprietárias dos aplicativos façam o
cadastramento dos clientes com rigor para evitar raptos e assaltos e anunciam
uma paralisação de dois dias na segunda semana de Novembro.
O Sindicato dos Trabalhadores das
Empresas de Táxis Personalizados e Parceiros (STATEPP), a Associação dos Táxis
Personalizados de Angola (ASTPA) e a Associação de Motoristas de Aplicações
(AMA) asseguram que vão paralisar a actividade para mostraram às empresas
proprietárias dos aplicativos os seus descontentamentos quanto às taxas
exigidas e aos preços baixos das corridas.
Segundo estas organizações, o
principal problema está nos preços, que consideram muito baixos nos aplicativos
que trabalham, com realce para a empresa YANGO, que agrega o maior número de
clientes e onde uma corrida inicial ronda os 450 kwanzas.
Estas organizações referem que a
classe de táxis por aplicativo não foi abrangida pela subvenção do preço da
gasolina, e por isso encontram muitas dificuldades para conseguir atingir o
valor semanal ou mensal que muitas empresas ou patrões estão a exigir.
Mandanje Francisco, o
secretário-geral da ASTPA, contou ao Novo Jornal que os motoristas das empresas
YANGO, HEETCH, UGO e T'LEVA são os que mais saem prejudicados no final das
contas e explica: "Há empresas ou patrões que exigem o valor semanal de
100 mil a 180 mil kwanzas, que é quase impossível de conseguir. E se se
conseguir, é com um desgaste físico maior" contou.
Segundo este responsável da
Associação dos Táxis Personalizados de Angola, há uma disparidade abismal na
corrida do preço inicial nas proprietárias dos aplicativos de táxi que variam
entre os 450 e os 1.000 kz.
"Os táxis personalizados
carecem urgentemente de uma uniformização nos preços para não haver
concorrência desleal. Todos tinham de ter um preço uniformizado inicial de
1.000 kz para evitar que os motoristas viajem mais de um quilómetro por 400 ou
700 kz. Não se admite um táxi personalizado fazer corridas por 450 kz. Temos
motoristas que percorrem 15 quilómetros e recebem 1.500 a 2.000 Kz",
lamentou.
Segundo as associações, os
proprietários dos aplicativos cobram uma comissão muito alta, que varia de 13 a
15 por cento, mais 14 por cento de Imposto do Valor Acrescentado (IVA).
Conforme estes motoristas, as
empresas dos táxis personalizados não se responsabilizam por acidentes,
assaltos ou raptos.
Entre as várias preocupações
destes profissionais estão os baixos preços das corridas longas, o cancelamento
abusivo dos clientes, após pedirem a corrida, a falta de segurança dos próprios
motoristas e o tempo de espera do cliente.
Entretanto, propõe às empresas
responsáveis pelos aplicativos que reajustem os preços da corrida inicial para
os 1.000 kz e que reduzam a conta semanal de 100 a 180 mil, para 80 a 90 mil
kwanzas.
Também sugerem, entre outras
coisas, que se fixe uma taxa para os clientes que cancelarem a corrida depois
de o motorista chegar ao local, e que se faça a redução para 10 por cento da
taxa do aplicativo.
Uma outra grande preocupação dos
motoristas dos táxis personalizados tem a ver com os assaltos e os raptos
durante as viagens que efectuam.
Em declarações ao Novo Jornal, as
associações queixam-se que os motoristas não são protegidos pelas empresas
responsáveis pelos aplicativos de táxis.
Josina Delegado, a
secretária-geral da Associação de Motoristas de Aplicações, disse ser
importantes as empresas cadastrarem, rigorosamente, os clientes, para garantir
segurança aos condutores.
"As empresas devem exigir a
cópia do Bilhete de Identidade (BI) dos clientes e o nome do registo para ser
fácil identificar em caso de suspeita nos assaltos e raptos", contou.
Conforme Josina Delegado, da AMA,
tem havido muitos assaltos e raptos aos motoristas dos táxis personalizados,
mas as empresas não conseguem passar os verdadeiros dados dos passageiros.
"Mas, no percurso está lá.
Ele fez o cadastramento no aplicativo, mas apenas dá um nome qualquer e foi
aceite. O que para nós está errado", contou, assegurando "não é
admissível um passageiro ter no aplicativo o nome de 007, Bad B, Ninja Pequeno,
etc...".
Segundo a AMA, os motoristas são
obrigados pelo aplicativo a fazerem a cada dois dias a actualização dos seus
dados e da viatura, e querem que aos clientes seja feito também um registo
rigoroso.
As três organizações do sector
dos táxis personalizado asseguram terem já remetido às empresas que operam,
assim como às entidades do Estado, no mês passado, um caderno reivindicativo a
espelhar os problemas e as possíveis soluções, mas apenas uma delas, neste caso
a YANGO, os chamou para os ouvir.
Entretanto, uma fonte da empresa
YANGO, que falou sobre anonimato, assegurou que os preços baixos que a empresa
aplica fazem parte da sua política de mercado e não prevêem qualquer aumento
agora.
"Somos líderes de mercado
por conta do preço que praticamos, atendendo ao custo de vida das famílias. Não
temos intenção de fazer subir preços", concluiu a fonte da YANGO.
No mês de Maio, em declarações à
imprensa, Álvaro de Veciana, director da HEETCH, disse ser importante que
empresas actuem com as mesmas regras e fundamental que a lei obrigue que os
operadores a ter mecanismos fortes de rastreio dos motoristas no exercício da
actividade.
O responsável da empresa, que
nasceu em França e entrou em Angola em Novembro de 2020, espera que a
regulamentação, por mais que seja inspirada em mercados de referência, seja
capaz de adaptar-se à realidade angolana.
Serviço de táxi por aplicativo
ainda não está legalizado no País, mas Executivo diz estar a trabalhar para a
legalização
O serviço de táxi por aplicativo
móvel, que tem registado crescimento nos últimos tempos, sobretudo em Luanda,
ainda não está legalizado no País. Quem o diz é o Ministério dos Transportes,
que garante estar a trabalhar para o licenciamento da actividade para,
nomeadamente, estancar o crescendo de crimes cometidos no interior de viaturas.
Estas afirmações foram feitas no
passado mês de Maio, e, segundo o Executivo, o documento está a ser trabalhado
internamente com estudos comparados e consultas a órgãos reguladores de outros
mercados que já têm o serviço regulado.
Segundo o secretário de Estado
dos Transportes Terrestres, Jorge Bengui, as regras que virão, tão logo o
diploma seja aprovado, serão para criar condições para garantir a segurança dos
passageiros.
Conforme o secretário de Estado
dos Transportes Terrestres, a falta da legalização desta actividade tem
permitido brechas para que os criminosos se aproveitem da situação e
"façam das suas".
"Estamos a receber
reclamações de que alguns prestadores destes serviços praticam crimes,
fazendo-se passar por taxistas de viaturas em serviço de táxi por aplicativo. A
falta da formalização desta actividade oferece espaço e margem de manobra para
aqueles que usam as viaturas para cometerem crimes", contou.
O secretário de Estado assegurou
que quando a actividade for formalizada, os aplicativos dos táxis em serviço
serão disponibilizados à Polícia Nacional através do Centro Integrado de
Segurança Pública (CISP).