Num ambiente de canções
patrióticas, como “eu vou morrer pela pátria, pelo povo e com arma na mão”, bem
como hinos religiosos “orando e vigiando até chegar lá”, foram sepultadas,
sexta-feira, no Cemitério da Sant’Ana, em Luanda, as ossadas do general de
Exército, Eduardo Ernesto Gomes "Bakalof.
Na leitura do elogio do
Ministério da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, lida
pelo brigadeiro António Jorge, Bakalof foi lembrado como "filho valioso de
Angola, porque muito cedo se juntou à causa comum e à libertação.
Bakalof, referiu o brigadeiro
António Jorge, merece uma homenagem de "filho destemido na defesa da
pátria", considerando que o seu desaparecimento prematuro constituiu uma
perda irreparável para o Ministério da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e
Veteranos da Pátria.
De acordo com o Ministério da
Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, o exemplo de
coragem, bravura e patriotismo do general de Exército Bakalof "ficará
gravado na história militar de Angola.
A homenagem, prestada ao general
Bakalof, ressaltou o brigadeiro António Jorge, é uma forma do Ministério da
Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria expressar o mais
profundo sentimento de gratidão à família e ao povo angolano.
Reacções da família
Julião Ernesto Gomes da Silva,
irmão de Bakalof, disse que foram 46 anos de espera e incerteza, porém, hoje,
realizou-se um desejo espiritual que tanto aguardava a família. "Enterrar
com dignidade o seu filho, esposo, pai, tio, avô e amigo", citou.
Julião Ernesto Gomes da Silva
referiu que a família está, devidamente, emocionada com a realização de um
funeral condigno, cujo sentimento fica, definitivamente, animado e alimentado
de esperança, alegria e paz.
Em nome da família e do povo de
Nambuangongo, frisou Julião Ernesto Gomes da Silva, agradece-se pela nobre
vontade do Presidente da República, João Lourenço, em ter reconhecido as
vítimas do 27 de Maio de 1977 e não só tivessem um funeral condigno.
Um outro irmão, Afonso João da
Silva, contou que Bakalof deixou de aparecer quando ele tinha apenas oito anos
de idade, descrevendo-o como um homem sorridente, simpático e amável para a
família.
As canções patrióticas, como
"eu vou morrer pela pátria, pelo povo e com arma na mão”, bem como hinos
religiosos "orando e vigiando até chegar lá", entoadas, tocaram os
corações dos familiares que há muito tempo aguardavam esse momento.
Em relação à autenticidade
laboratorial das ossadas dos restos mortais de Bakalof e da família, Afonso
João da Silva explicou que foram recolhidas amostras dos filhos e irmãos, tendo
obtido resultado positivo, facto que acalmou ainda mais os ânimos.
Valentina Francisco, cunhada do
general, referiu que a entrega dos restos mortais de Eduardo Ernesto Gomes
"Bakalof" é um sinal de elevado sentimento na família, depois de
vários anos, sem saber onde estava localizado o corpo.
Valentina Francisco manifestou
gratidão pela iniciativa do Governo, em ter coragem de apresentar os restos
mortais à família, proporcionando deste modo a paz a todos que choravam pelo
filho, esposo, pai, tio, avô, general, amigo e companheiro de luta de
libertação.
A cerimónia fúnebre do general
Bakalof, vítima do 27 de Maio de 1977, foi orientada pela secretária de Estado
para os Direitos Humanos e Cidadania, Ana Celeste Januário, e contou com a
presença dos ministros da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da
Pátria, do Interior, da Saúde, bem como representantes de partidos políticos,
deputados à Assembleia Nacional, oficiais superiores das Forças Armadas
Angolanas, da Fundação 27 de Maio, familiares e amigos.
CIVICOP
Além do general Bakalof, a
Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas
dos Conflitos Políticos (CIVICOP) já fez a entrega dos restos mortais de Alves
Bernardo Baptista (Nito Alves), Jacob João Caetano (Monstro Imortal), Arsénio
José Lourenço Mesquita (Sianouk) e Ilídio Ramalhete Gonçalves que foram
enterrados no Cemitério Alto das Cruzes a 14 de Junho de 2022.
Nito Alves, tenente-general,
nasceu a 23 de Julho de 1945, na aldeia do Piri, província do Bengo. Foi
ministro da Administração Interna da República Popular de Angola e pertenceu à
primeira região político-militar do MPLA nos Dembos.
Jacob João Caetano "Monstro
Imortal” nasceu em 1941, também na aldeia do Piri, Bengo, tendo sido um dos
primeiros militantes do MPLA enviado à antiga República da Checoslováquia, onde
recebeu instrução militar.
Ilídio Ramalhete Gonçalves,
nascido a 14 de Abril de 1954, no então município do Rangel, em Luanda, foi um
oficial operativo. Morreu nos acontecimentos de 27 de Maio com apenas 23 anos
de idade.