Luanda - Dois funcionários da
empresa de Transportes Colectivos Urbanos de Luanda (TCUL), estão detidos pelo
Serviço de Investigação Criminal (SIC), por retirarem do interior do parque da
empresa mais de 140 chaves dos autocarros.
Esta situação ocorreu,
segunda-feira,11, na base da TCUL, em Viana, de forma a impedir a circulação
destes meios por algumas horas e despertar a atenção do Governo sobre o
"mar" de problemas existente na empresa, contaram alguns funcionários
ao Novo Jornal.
Os dois trabalhadores são ainda
acusados de terem bloqueado o portão de saída dos autocarros, na base de Viana,
para inviabilizar a passagem dos veículos programados para a prestação de
serviço público.
Segundo apurou o Novo Jornal
junto dos funcionários da empresa, os dois funcionários tiveram esta conduta
para persuadir a direcção TCUL a pagar o bónus que os funcionários têm direito.
Contam ainda que "os colegas
confessaram ter agido por vontade própria e que pretendiam chamar a atenção do
Executivo sobre os inúmeros problemas e insatisfações que os funcionários da
TCUL têm".
Segundo os trabalhadores, o
Governo atribuiu bónus às empresas de transportes públicas, incluído a TCUL,
mas tal bónus não lhes é entregue há meses.
"Os trabalhadores da UNICARGA,
Caminhos-de-Ferro de Luanda receberam o bónus e nós a nível da TCUL não
recebemos porque a direcção assim entende", contaram um membro da comissão
sindical da empresa.
Segundo este sindicalista, apenas
faltou paciência e prudência aos colegas que agiram de forma individual em nome
dos trabalhadores, mas realçou, no entanto, que dessa posição a comissão
sindical vai apresentar à direcção da empresa, nos próximos dias, uma
declaração de greve, pese embora admita dificuldades em função dos últimos
acontecimentos.
Entretanto, o Serviço de
Investigação Criminal (SIC-Luanda) apresentou os dois funcionários detidos ao
juiz de garantia do comado municipal de Viana da Polícia Nacional, que lhes
aplicou a medida de prisão preventiva, em função da gravidade dos factos.
Fernando Carvalho, porta-voz do
SIC-Luanda, disse ao Novo Jornal que os efectivos do SIC encontraram, após
investigação, no interior do parque de estacionamento, as 148 chaves dos
autocarros num saco de plástico enterrado num monte de brita na base da TCUL em
Viana.
Em declarações à imprensa, o
presidente do conselho de administração da TCUL, Catarino César, considerou a
atitude como sabotagem e assegurou que há nada que justifique acção.
"O próprio sindicato
repudiou esta acção. Então, acreditamos que existam outras motivações",
disse o PCA, considerando normal o descontentamento dos funcionários.
"É normal existir
descontentamento, mas que se crie um caderno reivindicativo e se negoceie com a
entidade empregadora, mas não se pode tomar esta atitude criminosa",
explicou.
Apesar dos autocarros terem
ficado bloqueados nas primeiras horas de segunda-feira, a situação nas paragens
normalizou poucas horas depois, em função dos desbloqueios de 83 autocarros,
dos quais dois foram alvos de vandalização por parte da população de Viana, alegadamente
pelo tempo de espera.
O Novo Jornal sabe que alguns
elementos do SIC continuam na empresa e isso está a criar melindre entre os
funcionários.